Felipe Hamachi fez piada preconceituosa, que resultou na chegada da polícia. Danilo Gentili faz parte do elenco de Proibidão
Integrante de banda teria sido chamado de “macaco”; ele vai ao Condepe
O músico Raphael Lopes afirmou que, na noite de segunda-feira (12),
quando foi chamado de "macaco" enquanto trabalhava na banda de um show
de stand-up, foi a primeira vez que passou por uma situação de
preconceito. Em entrevista ao
R7, o músico falou que após chamar a polícia ainda foi julgado pelos comediantes.
- Eu fui chamado de preconceituoso e mal resolvido por um comediante.
Ele afirmou que o preconceito não acaba por causa de pessoas como eu.
Mas não sou mal resolvido. Foi a primeira vez que passei por uma
situação de racismo. Tenho 24 anos e nunca passei.
Lopes tocava na banda que se apresentava no stand-up conhecido como
“Proibidão”.
O show reúne nomes famosos como Alexandre Frota, Danilo Gentili e
Felipe Hamachi. O advogado da vítima, Dojival Vieira, contou que Hamachi
teria feito uma piada sobre AIDS e envolveu o funcionário.
- Ele falou “mas eu sempre comi macaco e nunca peguei, né?” E se voltou para o meu cliente.
Lopes afirmou que não sabia sobre o stand-up e que ficou surpreso desde o
começo das piadas. Ele afirmou que a piada feita com ele foi a mais
"leve" da noite, que teve piadas racistas, com pessoas com deficiência,
mulheres e gays.
- É um grupo que, com o pretexto de fazer humor, é racista. De um lado
você tem comediantes que fazem piada, do outro você tem um público que
paga um valor que não é popular, R$ 40 ou R$ 60, para ver esse tipo de
piada.
Desculpas
Lopes afirmou que o comediante pediu desculpas pessoalmente e por outros
meios, inclusive em um programa de rádio. Ainda assim resolveu levar o
caso adiante e vai ao Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana).
- Não é nem só por mim. Aquilo não foi só preconceito racial, foi desumanidade.
Procurado, a assessoria de Felipe Hamachi informou apenas que o ocorrido
no show foi um mal entendido e que já foi resolvido. Disse ainda que a
proposta da apresentação é de fazer piadas de todos os tipos, mas que em
nenhum momento o humorista quis ofender os presentes.
Documento sem validade
Segundo o advogado, apesar de o público assinar na entrada do evento um
termo em que se compromete a não processar os integrantes do "Proibidão"
por qualquer piada preconceituosa, o documento não tem qualquer
validade legal. De acordo com Vieira, o papel assinado não pode estar
acima da lei. No caso do músico, ele teria se sentido agredido por uma
piada racista e a lei prevê que racismo é crime.
O documento em questão teria tanta validade quanto cupons de
estacionamento que informam que o espaço não se responsabiliza por
qualquer objeto desaparecido de dentro do veículo ou comandas de
restaurante que dizem que o cliente tem que pagar uma quantia estipulada
caso perca o papel.